quinta-feira, 10 de junho de 2010

O Mestre das Letras - A tirania


Mestre das letras certo dia,
Em seu passeio matinal,
Notou que o povo sorria
Lendo notas num jornal.

Curioso e cabreiro,
Aproximou-se lentamente.
Encarou o jornaleiro
Maldizendo-o em sua mente:

“Esse não é um texto meu!”
Remoeu-se em ciúme.
Ora! É algum plebeu
A tentar roubar-me o lume!

Mestre das letras tinha
Esse pequenino defeito:
Gostava de picuinha
(não fora amamentado no peito...).

Era o dono da verdade.
“Se discorda é meu inimigo!”
Odiava a sociedade
Por não caber em seu umbigo!

“Dá-me cá esse pasquim!”
Arrancou-lhes o papel!
Ingratos, tratam-me assim?!
Trocam minha obra por cordel?!

“Excelência, é só um texto...”
Cala-te! (bofetada...)
“Que tolo pretexto!”

“É um lixo e nada mais!
Sem métrica, nem estilo.
Como alguém é capaz...
Capaz de difundi-lo?!”

O povo não entendia
Como a voz da literatura,
De forma amarga e fria,
Condenava aquela leitura.

Era poesia divertida e livre,
Tanto quanto o próprio povo.
Mestre procurava, em cavalo, cifre
Via pelo em casca de ovo...

É esse tipo de intolerante,
Fariseu como os de outrora,
Que se julga “diamante”,
Lobo que a ovelha devora.

Senhor da razão se julga.
Atropela, cospe, cerceia
Com injúria e promulga
O fim da voz alheia.

Donos da verdade
Desde os tempos idos.
Inimigos da liberdade,
São línguas sem ouvidos.

Amantes de seus umbigos.
Pessoas cheias de receio.
Colecionadores de inimigos
Com síndrome de Filhos do meio...

A história não acaba aqui.
O povo é mais forte!
O pior está por vir.
Vai querer brincar com a sorte?!

Geovani Sousa

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