Instinto materno

Não dá pra negar que todas as mães são iguaizinhas em muitos aspectos. Algumas manias, comportamentos não mudam.

Um desses é ter sempre alguma coisa pra fazer, estar sempre envolvida em tarefas domésticas, mesmo que tudo esteja arrumado, mesmo que a casa esteja impecável!

Se há uma festa, enquanto todos se alimentam, conversam, brincam e se divertem, a dona da casa está lá na cozinha... mesmo que não seja ela a preparar os pratos ou servir as mesas, mesmo assim, ela tem que estar no meio da correria. Não consegue, simplesmente não sabe se sentar e desfrutar da festa.

Pois o país sede da copa está fazendo jus ao título de “Berço da Humanidade”. Após dois jogos e apenas um ponto conquistado, a anfitriã tem pouca chance (pra não dizer nenhuma) de se classificar à próxima fase.

Como toda boa mãe, a África, doravante, vai ficar mesmo só na cozinha, ocupada em organizar a festa enquanto os convidados se divertem.

Tanto esforço, tanta preparação pra no fim, lhe sobrar os papéis picados, as latas, copos e toda a bagunça pra arrumar.

Pobre mama África.

Geovani Sousa.

12 de junho... pior dia do ano.

Acordei animado!
E não podia ser diferente! Eu tinha uma sensação de que algo especial aconteceria! De que daria tudo certo no final da manhã...

Mas não dependia só de mim... o que pude fazer eu fiz. Cara, eu me preparei, eu fiz tudo direito. Não queria falar disso, mas gastei, sim, algum dinheiro com, sabe, né? lembrancinha, coisa e tal.

Lavei o carro!!! Vai que dava certo e precisava sair pra comemorar...

De verdade! Estou muito triste. Muito triste e frustrado!

Porque a tristeza em si é o menor problema. O que mata é a desilusão. É saber que não vai mais acontecer... passou!

(suspiro)

Não sei dizer, mas eu estava mesmo acreditando! Apesar do primeiro momento nervoso, embaraçado e ter, de cara, havido um revés... Mesmo assim, continuei acreditando que daria certo.

Pra no fim... terminar como terminou...

Aquela bolinha sem vergonha, cabeçada esquisita entrar!!! Droga!!! Foi falta!!!

A Nigéria esteve tão perto de empatar... (soluços)

Ah, não consigo mais... desculpe...

12 de junho: Argentina 1x0 Nigéria

Geovani Sousa

O Mestre das Letras - A tirania

Mestre das letras certo dia,
Em seu passeio matinal,
Notou que o povo sorria
Lendo notas num jornal.

Curioso e cabreiro,
Aproximou-se lentamente.
Encarou o jornaleiro
Maldizendo-o em sua mente:

“Esse não é um texto meu!”
Remoeu-se em ciúme.
Ora! É algum plebeu
A tentar roubar-me o lume!

Mestre das letras tinha
Esse pequenino defeito:
Gostava de picuinha
(não fora amamentado no peito...).

Era o dono da verdade.
“Se discorda é meu inimigo!”
Odiava a sociedade
Por não caber em seu umbigo!

“Dá-me cá esse pasquim!”
Arrancou-lhes o papel!
Ingratos, tratam-me assim?!
Trocam minha obra por cordel?!

“Excelência, é só um texto...”
Cala-te! (bofetada...)
“Que tolo pretexto!”

“É um lixo e nada mais!
Sem métrica, nem estilo.
Como alguém é capaz...
Capaz de difundi-lo?!”

O povo não entendia
Como a voz da literatura,
De forma amarga e fria,
Condenava aquela leitura.

Era poesia divertida e livre,
Tanto quanto o próprio povo.
Mestre procurava, em cavalo, cifre
Via pelo em casca de ovo...

É esse tipo de intolerante,
Fariseu como os de outrora,
Que se julga “diamante”,
Lobo que a ovelha devora.

Senhor da razão se julga.
Atropela, cospe, cerceia
Com injúria e promulga
O fim da voz alheia.

Donos da verdade
Desde os tempos idos.
Inimigos da liberdade,
São línguas sem ouvidos.

Amantes de seus umbigos.
Pessoas cheias de receio.
Colecionadores de inimigos
Com síndrome de Filhos do meio...

A história não acaba aqui.
O povo é mais forte!
O pior está por vir.
Vai querer brincar com a sorte?!

Geovani Sousa